O primeiro dia de competições paralímpicas não começou bem para os atletas brasileiros no judô. Quatro atletas lutaram hoje, mas a única que conseguiu chegar mais longe foi Michele Ferreira que, mesmo assim, não ganhou medalha.
Única atleta brasileira que conseguiu disputar medalha no primeiro dia de competições das Paralimpíadas no judô, Michele Aparecida Ferreira foi derrotada na categoria até 52kg feminino pela atleta argelina Cherine Abdellaqui e perdeu o bronze.
Michele foi a primeira atleta brasileira a entrar no tatame, mas, apesar de fazer uma boa luta e contar com o forte apoio da torcida, levou um ippon da alemã Ramona Brussig nas quartas de final. Em seguida, disputou a repescagem com a japonesa Ayumi Ishii e conseguiu avançar na competição. Porém, na disputa pelo bronze, não conseguiu a vitória.
Michele tem apenas 15% de visão. Aos 20 anos, procurou o judô para melhorar o seu físico e se apaixonou pelo esporte. Ela perdeu a medalha, mas saiu de cabeça erguida, com o melhor resultado do judô brasileiro no dia. “Eu estou muito feliz, porque todas as lutas que fiz foram de um nível muito difícil e eu já esperava que fosse, porque a maioria das atletas que estão aí é de grandes atletas. Isso é muito bom para o Paralímpico, porque a gente vê que a qualidade vem aumentando. O nível técnico está muito bom. Disso eu tiro coisas boas, porque, infelizmente, não é sempre que a gente ganha.”, conta Michele.
A atleta agradeceu a presença e o apoio da torcida brasileira, que incluiu a presença ilustre de Rafaela Silva, medalha de ouro no judô olímpico da Rio 2016, que na parte da tarde veio dar apoio aos paratletas. Michele aproveitou para convidar a todos para assistir os próximos dois dias de competição e disse que ela mesma fará questão de torcer pelos colegas nesta sexta-feira (9) e no sábado (10).
Confira como foram os brasileiros na disputa:
Halyson Boto
O brasileiro Halyson Oliveira Boto ganhou sua primeira luta no judô masculino até 66 quilos. Ele derrotou o português Miguel Vieira por ippon (golpe máximo no judô e que, em uma luta, define o vencedor mesmo antes do fim do combate). Halyson passou para as quartas de final e onde perdeu para Mustafayev do Azerbaijão. A grande surpresa da luta foi a forte torcida do Arzebaijão que, em alguns momentos, chegou a superar a torcida brasileira, que ainda estava chegando na arena.
Boto teve mais uma chance em uma repescagem contra o coreano Jongseok Park, porém tomou um ippon e não foi capaz de seguir na competição. Na reta final, o brasileiro sofreu um golpe que valeu um wasari (segunda maior pontuação do judô e vale o equivalente a meioippon) para o atleta do Azerbaijão. O atleta saiu chorando do tatame. No entanto, ele foi muito aplaudido pela torcida, que o apoiou o tempo todo.
Rayfran Mesquita
Rayfran Pontes Mesquita, que disputa na categoria até 60 quilos, perdeu ainda na primeira fase para Uugankhuu Bolormaa da Mongólia. Ele não teve chance de disputar a repescagem em função da combinação desfavorável de resultados.
Michele Aparecida Ferreira
Michele Aparecida Ferreira foi a primeira atleta brasileira a entrar no tatame. Apesar de fazer uma boa luta e contar com o forte apoio da torcida levou um ippon da alemã Ramona Brussig nas quartas de final. Depois disso, ela disputou a repescagem com a japonesa Ayumi Ishii e conseguiu avançar na competição. Michelle disputou a medalha de bronze contra a argelina Abellaoui na categoria até 52 quilos, porém não conseguiu a vitória.
Karla Ferreira Cardoso
Karla Ferreira Cardoso, a Karlinha, enfrentou a ucraniana Yuliya Halinda na categoria até 48 quilos e foi derrotada depois de levar dois wazari nas quartas de final. Ela tentou a repescagem com a turca Ecem Tasin, mas perdeu após tomar um ippon com um minuto e trinta segundos de luta.
Judô paralímpico
No judô paralímpico lutam três categorias, B1, B2 e B3, cada uma tem diferentes graus de aquidade visual (grau de aptidão do olho para a capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos), mas os três disputam entre si. Em função disto o judo paralímpico já começa na posição da pegada, Kumikata. Isto é necessário para o atleta B1 não sair em desvantagem. Toda vez que a luta é interrompida, o árbitro separa os atletas e recomeça a luta também em posição de Kumikata.
B1 – Cego total: de nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos até a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção.
B2 – Lutadores que já têm a percepção de vultos. Da capacidade em reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 ou campo visual inferior a 5 graus.
B3 – Os lutadores conseguem definir imagens. Acuidade visual de 2/60 a 6/60 ou campo visual entre 5 e 20 graus.
O Brasil tem 18 medalhas paralímpicas no judô, sendo quatro ouros, cinco pratas e nove bronzes.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/