Taynara Conti é a primeira brasileira a lutar no WWE. Aos 22 anos, ela integra a divisão de acesso e é comparada às badaladas lutadoras Natalya Neidhart e Renee Young
Quando ela entra no ringue, a galera vai à loucura. Os gritos de “Taynara! Taynara!” tomam conta das arenas e arquibancadas. Nascida no Rio de Janeiro, Taynara Melo de Carvalho, ou melhor, Taynara Conti, como é chamada por seus inúmeros fãs, é uma verdadeira estrela da luta-livre nos Estados Unidos. Na categoria, que mistura entretenimento com interpretação e movimentos de luta, ela vem dando o que falar desde que estreou em maio de 2017 e, ainda que esteja na WWE NXT, divisão de acesso para o WWE, é uma das queridinhas do público, que tem repercutido também a semelhança física e de estilo da jovem de 22 anos com as badaladas Natalya Neidhart e Renee Young. O curioso é que o início dela foi em outro esporte, o judô.
– Eu tinha muitas fotos e vídeos de judô e também de jiu-jítsu nas redes sociais. Eles (WWE) me encontraram e mandaram e-mail para meu fotógrafo, não entraram em contato direto comigo. Eu tinha um fotógrafo francês que fazia fotos e vídeos para mim. E daí ele me contou e eu fui procurar saber e resolvi fazer um teste. Foi através dele, da internet – explicou.
A carioca começou na ginástica artística no Vasco da Gama, mas migrou logo para a arte marcial, para tristeza de sua mãe, que não era favorável à mudança. O pai, contudo, apoiou. Primeiro, Taynara lutou pelo projeto “Brasil vale ouro” e, mais tarde, foi para o Instituto Reação, do judoca Flávio Canto e de onde saiu a campeã olímpica Rafaela Silva. Taynara foi campeã regional e tetracampeã estadual, além disso, foi quatro vezes vice-campeã brasileira. Ela chegou a integrar a seleção brasileira e participou do circuito europeu em Portugal e na Alemanha.
– O mais importante do judô foi o que significou para minha vida pessoal. Graças ao judô eu estudei nas melhores escolas. Minha família não teria condições de pagar. Fiz faculdade com bolsa de estudos de 100%, encontrei o amor da minha vida, fiz amigos que vou levar para sempre e me tornei a mulher que sou hoje. Tudo isso foi graças ao judô – relatou Taynara em entrevista ao GloboEsporte.com.
A migração do judô para a luta-livre, segundo ela, foi dura. Ela estava em má fase na arte marcial e mal participava de competições. Taynara cursava o sétimo período da faculdade e precisava fazer estágios, por isso, não sobrava tempo. A brasileira fez uma pesquisa sobre o WWE e se inscreveu para os testes. Deu certo. Mas a apreensão foi grande. Hoje, ela se diz a “pessoa mais feliz do mundo” por ser a primeira brasileira na modalidade.
– Quando a oportunidade chegou, eu nem sabia direito o que WWE era, então estudei um pouco, assisti e li sobre a empresa, daí decidi que tentaria participar de um teste. No último dia do teste, só sabia chorar. Eu sabia que tinha dado meu máximo e eu senti que era o lugar certo para mim. Lembro de todo mundo se abraçando, rindo e eu só conseguia chorar, sozinha no canto, e pedindo a Deus para fazer tudo dar certo.
O objetivo de Taynara não é só crescer na carreira, mas ajudar a popularizar o WWE no Brasil.
– As coisas vão mudar. Estou trabalhando duro para todo mundo saber o que é o WWE e para abrir as portas para outros brasileiros viverem seu sonho de estar aqui – palpitou a atleta que, recentemente, esteve no torneio feminino Mae Young Classic, mas perdeu na estreia para a americana Lacey Evans.
A brasileira vive em Orlando ,nos Estados Unidos, e é casada com um faixa-preta de judô e fã de WWE, Jorge Conti, o que, segundo ela, “facilita a vida”. Os dois ainda não têm filhos. De acordo com Taynara, sua rotina lembra a de uma atleta olímpica. Ela treina muito de segunda à sexta-feira em um Centro de Performance. Além dos treinamentos, há inúmeras viagens para lutar.
– É cansativo, mas prazeroso. E, acima de tudo, é seguro. Eu sinto falta do Brasil, da comida, dos amigos, da família e, sobretudo, minha irmã de cinco anos, Antonieta, que sempre foi minha paixão.
Apesar de se dedicar completamente ao WWE, Taynara disse que nunca deixará o judô. Na realidade, ela ainda pratica a arte marcial para ajudar na preparação à luta-livre e também faz jiu-jítsu. Em 2018, a jovem quer fazer ao menos uma competição de judô.
– Quero provar que nós (brasileiros) somos capazes de promover entretenimento e luta.
Sobre o fato de ser famosa nos Estados Unidos, Taynara se diverte. Ela tem até boneca própria.
– Eu amo isso, mas ainda acho super estranho quando alguém diz: “Eu sou seu fã!”. Sério? Eu tenho fã? Ser modelo para alguém é algo maravilhoso, mas vem com responsabilidade. Hoje recebo cartas e mensagens de crianças e de pessoas inspiradas por mim. Quero continuar a fazer meu máximo para que as pessoas fiquem orgulhosas de mim – concluiu.
Fonte: globoesporte.com