Comentários do sexto dia de competição dos Jogos Olímpicos Rio 2016 – por Paulo Duarte

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Dia de medalha. A meio-pesado Maira Aguiar (78 kg) conquista a medalha de bronze em sua categoria. O também meio-pesado Rafael Buzacarini (100 Kg) teve uma boa participação mas não chegou à disputa de medalha; ficou pelo caminho ao perder a sua segunda luta. Mesmo assim o judô brasileiro confirmou o status de um dos grandes conquistadores de medalhas para o país. Neste penúltimo dia de competição, a conquista de mais uma medalha trouxe uma grande alegria a todos nós, judocas, porque sabemos da relevância desse resultado para o desenvolvimento social e esportivo do judô em nosso país.

Maira Aguiar x Giambelli (AUS)
A luta foi muito rápida. As duas atletas demonstraram muita disposição para o combate. Seguraram rapidamente o quimono e Giambelli tomou a iniciativa aplicando um deashibarai. Maira contragolpeou com tsubamegaeshi e conquistou um wazari seguido de imobilização (honkesagatame). Era o fim do combate.

Maira Aguiar x Malzahn (ALE)
As duas atletas possuem o mesmo porte físico. Na disputa de pegada Malzahn consegue segurar por dentro. Mesmo segurando por fora, Maira consegue fazer um taiotoshi que leva perigo para alemã. As duas lutam muito pelo domínio da pegada. Chegam ao ponto de cada uma, segurar as duas mangas da outra. Como Maira já havia feito uma entrada de taiotoshi, o árbitro puniu a alemã com um shidô. Percebendo que seria muito difícil reverter essa vantagem da brasileira, a atleta alemã resolveu se atirar resolutamente ao ataque. Numa dessas tentativas encadeou um kosotogake que quase derrubou a brasileira. Passado o susto, Maira administrou a luta e chegou à vitória em razão do shidô sofrido por sua oponente.

Maira Aguiar x Tcheumeo (FRA)
Outra luta muito complicada para Maira. Apesar de seu retrospecto positivo em combates contra Tcheumeo, a atleta francesa veio para a luta com o firme propósito de desbancar a brasileira. Iniciou a luta impondo o seu melhor kumikata. Maira curvou o corpo e Tcheumeo cresceu para cima dela. Maira foi punida com um shidô. A luta prosseguiu com boa movimentação das atletas. Em dado momento, Tcheumeo resolve aplicar um deashibarai e Maira contragolpeia com um tsubamegaeshi e derruba Tcheumeo que cai de frente. A atleta francesa é punida com um shidô. Percebendo que Maira é mais rápida nos golpes de pernas, a francesa voltou a se utilizar da mesma estratégia inicial; dominou o kumikata e fez com que Maira recebesse mais um shidô. Era o fim do sonho da medalha de ouro.

Maira Aguiar x Castillo (CUB)
A luta pela medalha de bronze mostrou uma franca recuperação da atleta brasileira. Mesmo alijada da disputa da medalha de ouro não se deixou abater. Veio para a luta totalmente recuperada emocionalmente. Pisou no tatami com o espírito de vencedora. Logo que segurou no quimono da adversária desferiu um taiotoshi e conseguiu um yuko. Logo em seguida a atleta cubana foi penalizada com um shidô por ter pisado fora da linha demarcatória do shiajô. Castillo foi protagonista da luta mais longa da competição até o presente momento. Fez uma luta de nove minutos; computando-se o tempo corrido e o golden score. Muito exausta, não tinha a mínima condição de reverter o placar que lhe era desfavorável. Maira conquistou a medalha de bronze.

Rafael Buzacarini x Aprahamian (URU)
No início da luta Buzacarini estava encontrando muita dificuldade para estabilizar sua pegada. O atleta uruguaio se movimentava muito e evitava a pegada do brasileiro, que como alternativa estava segurando a gola do quimono muito embaixo. O uruguaio continuava se movimentando muito. Se, por um lado essa movimentação dificultava a pegada do brasileiro, por outro lado, minava a resistência física de Aprahamian. Já sem suas melhores condições, o atleta uruguaio não teve como impedir a pegada do brasileiro no alto da gola do seu quimono. Com o domínio do kumikata, Buzacarini fez com que Aprahamian levasse dois shidôs. Já demonstrando muito cansaço, o atleta uruguaio foi conduzido para a luta de solo e recebeu um jujigatame que deu números finais ao combate.

Rafael Buzacarini x Haga (JPN)
A luta entre Buzacarini e Haga apresentou uma característica muito interessante. Haga não disputa a pegada. Buzacarini segurou por dentro e Haga se sujeitou a segurar por fora, sem nenhum problema. Em diversas vezes, o atleta japonês tentou aplicar o uchimata mas o atleta brasileiro, muito bem posicionado, defendeu suas entradas. Haga tentou, então, a luta de solo. Quis engendrar um sankakujime, mas também não obteve êxito. Percebendo que estava com muita dificuldade para conseguir uma definição, passou a lutar de uma maneira que fazia com que Buzacarini se sentisse confiante para o ataque. Sua estratégia deu certo. Buzacarini desferiu o primeiro ataque, mas não achou Haga na sua frente. Com um taisabaki espetacular fez com que Buzacarini fosse penalizado com um shidô por ataque falso. Novamente induziu Buzacarini para o ataque e procedeu da mesma forma. Fim de luta. Fim de olimpíada para Buzacarini.

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PauloDuarte

Paulo Duarte – Kodansha, autor do livro “Judô – A educação para todos

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