Há 10 anos, o Rio sediava o Mundial de Judô e a seleção conquistava seu melhor resultado de todos os tempos

Em 2007, Tiago Camilo, João Derly, Luciano Corrêa e João Gabriel Schlittler garantiram três ouros e um bronze para o Brasil, confirmando o sucesso daquele Mundial dentro e fora dos tatames

Em 13 de setembro de 2007, há exatos dez anos, a Confederação Brasileira de Judô, sob o comando do então presidente Paulo Wanderley Teixeira, encarava um desafio sem precedentes em sua História: organizar o Campeonato Mundial de Judô – Rio 2007. E graças ao trabalho de quase 1.600 colaboradores e ao apoio de parceiros como Scania, Infraero e Mizuno, a competição foi um sucesso dentro e fora do tatame, com números impressionantes. Era o início de uma série de eventos internacionais que viriam a ser realizados na Cidade Maravilhosa, culminando com os Jogos Olímpicos Rio 2016.

No tatame, a seleção brasileira contou com o apoio da torcida e não decepcionou: foram três ouros e um bronze.

Logo no primeiro dia, Luciano Corrêa (100kg) sagrou-se campeão mundial ao vencer Peter Cousins, da Grã-Bretanha, na disputa pelo ouro. Nesse dia, ainda teve o bronze do pesado João Gabriel Schlittler, que venceu ninguém menos do que o japonês Kosei Inoue, campeão olímpico e tricampeão mundial no meio-pesado (100kg).

No dia 14 de setembro, Tiago Camilo assombrou o mundo com um desempenho cinematográfico, vencendo todas as suas sete lutas por ippon, para fazer tocar o hino do Brasil novamente na Arena. Na decisão, o brasileiro superou Anthony Rodriguez, da França.

Espectador à época, o atual presidente da CBJ, Silvio Acácio Borges, guarda com carinho essa lembrança como um dos momentos mais marcantes no Judô.

“Não tem como esquecer o que o Tiago Camilo fez nesse Mundial de 2007. Todas as lutas que ele fez no tempo de uma única luta”, recorda. “Mesmo de outra área de competição, meu olho ia sempre na direção daquele ippon lindo do Tiago que estava acontecendo. Era o judô na mais pura essência, a beleza plástica.”

O penúltimo dia acabou da mesma forma que o primeiro. Com o Brasil no lugar mais alto do pódio. Dessa vez, pelos golpes do meio-leve João Derly, que derrotou o cubano Yordanis Arencibia na final e tornou-se o primeiro judoca brasileiro bicampeão mundial.

Até hoje, o Mundial do Rio 2007 é marcado como o melhor desempenho qualitativo da seleção brasileira de judô em Campeonatos Mundiais.

O Mundial Rio 2007 em números

Além do número final no quadro de medalhas com o Brasil em segundo lugar e com o mesmo número de ouros do Japão (3), o Mundial de 2007 foi um sucesso também fora dos tatames. O evento contou com a participação de 743 atletas de 138 países, além da presença de autoridades políticas e esportivas nacionais e internacionais.

“Naquela ocasião quebramos vários paradigmas de gestão, onde foram aplicados os conceitos mais modernos de marketing esportivo, entretenimento e transmissao de TV. Era o início de uma nova era do judô brasileiro e da projeção internacional da nossa modalidade. Agradeço à toda equipe CBJ, aos nossos patrocinadores do Mundial Rio 2007 Infraero, Mizuno e Scania, e principalmente, à minha família que, na época, me deu todo o suporte para esse desafio”, relembra Maurício Santos, diretor executivo daquele Mundial.

A megaestrutura montada para receber o Mundial foi organizada por uma força de trabalho de cerca de 1.580 pessoas distribuídas em 62 áreas funcionais. Onze hotéis foram credenciados para receber atletas, dirigentes e o público em geral. A operação logística precisou atender em termos de acomodação, transporte e alimentação, aproximadamente 2400 pessoas durante dez dias.

“Estive no olho do furacão e posso dizer que foi um grande aprendizado”, pontua Robnelson Ferreira, gestor executivo da CBJ, que atuou como assitente da coordenação técnica do Mundial e, no ano seguinte, assumiu a Gestão Nacional de Eventos da Confederação.

Na área de comunicação, o Mundial de 2007 também foi um divisor de águas para o judô. Foi a primeira vez que o Mundial foi transmitido em Full HD para todos os continentes. Quem não pôde ir à arena assistiu pela TV, ao vivo, pela Rede Globo, na TV aberta, ou pelo Sportv, na TV paga. Foram 60 horas de cobertura ao vivo e 40 horas de transmissão ao vivo para emissoras internacionais.

O site oficial do evento teve uma média diária de 60.000 acessos.

Durante aqueles quatro dias de setembro de 2007, o Brasil “respirou/transpirou” judô. Foi o hajime para que, nos dez anos seguintes, se tornasse também o país do judô.

 

 

Fonte: CBJ

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