Em sua última Olimpíada, o judoca de 34 anos cai na busca pelas quartas diante de jovem do Azerbaijão.
Tiago Camilo entrou no tatame da Arena Carioca 2 já eternizado na história do esporte brasileiro. Dono de duas medalhas olímpicas (prata em Sydney 2000 e bronze em Pequim 2008) e em sua quarta participação nos Jogos, o veterano de 34 anos é considerado o judoca mais técnico do país. Entretanto, apesar de estar muito bem fisicamente, ele não tem mais a mesma explosão que lhe deu também o título mundial de 2007. Esse ponto acabou fazendo a diferença, nesta quarta-feira, no duelo de oitavas de final contra o Mammadali Mehdiyev, do Azerbaijão, que é nove anos mais novo do que o paulista. Tiago saiu na frente com um yuko, mas acabou tendo menos gás para atacar na reta final da luta, sofreu um wazari e acabou dando adeus antes das quartas na sua última Olimpíada. Ao deixar o tatame da Arena Carioca 2, o judoca que fez parte de várias gerações da seleção brasileira foi bastante ovacionado pela torcida, que soube reconhecer a sua importância.
Mesmo tendo feito apenas duas lutas na Rio 2016, Tiago não deixou de presentear o público com a sua maior marca na carreira: a busca incessante pelo golpe perfeito. Foi com um bonito ippon a vitória sobre o sul-africano Zack Piontek, pela primeira rodada.
– É um sentimento de amor que sempre tive pelo judô e toda minha história no esporte. Fico triste por encerrar assim, sem medalha. Mas fico feliz pelo meu desempenho. Tinha lutado contra esse atleta do Azerbaijão umas duas vezes, ganhei uma e perdi outra. Errei na pegada. Não vou a Tóquio 2020 e queria muito ter conquistado minha terceira medalha. Judô é assim. Tenho duas medalhas e uma boa história. Olimpíada não tem dono e é diferente de qualquer competição. Tem vários atletas chegando do mundo todo. O judô brasileiro cresceu bastante, mas tem que crescer mais porque os outros países encostaram também – afirmou Tiago.
BELO IPPON NA ESTREIA
Tiago Camilo sabe muito bem como lutar uma Olimpíada. Ele iniciou a sua quarta participação na principal competição do esporte esbanjando tranquilidade. A disputa por pegada era feita com força, mas com leveza. O paulista sempre busca o encaixe perfeito para entrar suas técnicas. Com pouco menos de um minuto, ele conseguiu derrubar Piontek, que caiu de lado: yuko.
O sul-africano cresceu um pouco no combate e passou a conseguir cortar a pegada de Camilo, que teve dificuldades e acabou sendo punido por falta de combatividade. A torcida reclamou bastante do árbitro. Quando faltavam dois minutos, Piontek começou a acusar o cansaço. Em bela forma física aos 34 anos, Tiago sabia que devia aproveitar a situação e tentou entrar seguidamente golpes de braço. O africano escapava.
Camilo poderia ter apenas segurado a vantagem embaixo do braço e cozinhado a luta. Mas ele sempre busca o ippon. E o golpe perfeito veio faltando 17 segundos. Com um seio (técnica de braço), o brasileiro jogou o gringo de costas no chão: ippon, para delírio do público.
A ELIMINAÇÃO NAS OITAVAS
Muito mais experiente do que Mammadali, Tiago quis demonstrar desde o início que ele conhece melhor o caminho para vencer uma luta em Olimpíada e partiu para cima do lutador do Azerbaijão. A técnica de perna, no entanto, acabou não saindo perfeita, e o gringo caiu de bruços no solo.
A partir daí, a briga pela pegada ficou mais complicada. Camilo encontrava dificuldade para cortá-la e acabou recebendo uma penalização. Quando entrou dois golpes de perna, o oponente soube antecipar e evitar a queda.
Tiago fez mais força e derrubou o rival, obtendo um yuko. A torcida vibrou muito. Mas, pouco depois, faltou gás. E o rival virou o placar. Com mais energia, ele derrubou Tiago, conseguiu um wazari e chegou a imobilizar o brasileiro por 11 segundos, somando também um wazari.
Camilo tinha um minuto para evitar a eliminação. Ele partiu com tudo para buscar o golpe perfeito, mas o oponente se defendeu muito bem. E Tiago deu adeus!
Fonte da matéria: http://globoesporte.globo.com/
Fotografias: Cristiane Ishizava – Judô Nacional