Dono de 10 títulos mundiais, Teddy Riner tenta manter hegemonia no peso-pesado, mas terá briga dura com brasileiros e com o tcheco Lukás Krpalek, atual campeão do mundo da categoria
Por Gabriel Fricke — Rio de Janeiro, RJ
05/10/2019
Teddy Riner já pode ser considerado o maior nome da história do judô. Seu currículo é pesado: dois ouros e um bronze olímpico, 10 títulos mundiais (nove no individual e um por equipes) e nove anos sem perder uma luta sequer. Quase imbatível, ele vence todos os seus combates desde 2010, quando caiu na final do Mundial Open para o japonês Daiki Kamikawa. Em novembro de 2017, o gigante francês de 135kg e 2,04m optou por tirar um “período sabático”, abrindo mão, inclusive, dos mundiais de 2018 e 2019. Neste ano, porém, optou por voltar a competir de olho no terceiro ouro olímpico. E Riner é presença garantida no Grand Slam de Brasília, de domingo a terça-feira, com transmissão do SporTV.
O francês ficou um ano e oito meses meses sem competir, até seu retorno aos tatames, em julho deste ano. Riner lutou – e venceu – o Grand Prix de Montreal, no Canadá. Mas a volta não foi nada fácil. Na semifinal, por exemplo, venceu no golden score o tcheco Lukás Krpalek, campeão mundial e olímpico da categoria meio-pesado (-100kg), que migrou para o peso-pesado (+100kg) e já é o atual campeão mundial da categoria, se aproveitando da ausência de Riner no Mundial do Japão, em agosto. Um novo duelo entre os dois é o mais esperado do Grand Slam de Brasília.
Na decisão em Montreal, o francês ainda derrotou o japonês Hisayoshi Harasawa, medalhista de prata olímpico e mundial. Com as quatro vitórias no Canadá, Teddy Riner chegou a uma incrível série invicta de 148 confrontos. Atleta do Paris Saint-Germain, ele tem feito inscrições em torneios e pulado fora na última hora, como em fevereiro no Grand Prix de Marrakesh.
Teddy Riner: vai ou não ao Grand Slam de Brasília? — Foto: Divulgação/IJF
A possibilidade de encarar o bicampeão olímpico diante da torcida tem animado os pesos-pesados do Brasil, como Rafael Silva e David Moura. Os dois são velhos conhecidos de Teddy Riner. No Mundial de Budapeste 2017, por exemplo, ambos tiveram a oportunidade de encarar a lenda francesa. Rafael Silva perdeu nas quartas de final e acabou com um bronze, e David chegou à decisão, mas foi batido também, levando a prata naquela ocasião.
– Lutar com esse grande nome do esporte no Brasil é muito motivante! É o cara a ser batido, é uma oportunidade de fazer história no judô, dentro de casa eu acredito que as chances aumentam! Espero realmente cruzar com ele na chave – disse David Moura, atual nono colocado do ranking mundial de judô que classifica para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
Teddy Riner vence brasileiro Rafael Baby na Rio 2016 — Foto: REUTERS/Toru Hanai
Melhor brasileiro no ranking mundial, em sexto lugar no momento, Rafael Silva, o Baby, que é dono de dois bronzes olímpicos (Londres 2012 e Rio 2016), faz coro a David Moura sobre a chance de encarar Teddy Riner em Brasília. No momento, o francês é o número 36 do mundo. Riner lutará no Distrito Federal na terça-feira, quando acontecem as disputas dos pesos-pesados.
– Ele perdeu um pouco de condição por ter ficado fora e equilibrou bastante. Acredito que estamos em pé de igualdade. Vai ser bastante emocionante para quem assiste. Tem essa questão do Teddy voltando. É muita gente querendo arrancar esse título dele. É uma chance muito boa de enfrentar o Teddy e ver como ele está. Estou feliz com essa volta dele. Tem dois atletas diferenciados aqui. A gente está na expectativa – disse Baby.
De um lado, Riner. Do outro, David. Luta foi na final do Mundial — Foto: Mayorova Marina
Rafael Silva disse ainda que, em sua preparação, foca sim em bater o francês, e que vê como um fator positivo para o judô o seu retorno:
– O Teddy voltando é bom para o judô e para a categoria. É o atual campeão olímpico. Ele vai tentar seu terceiro ouro agora. O fato de ele ter parado foi justamente para prolongar essa carreira esportiva pensando que a próxima Olimpíada depois de Tóquio é para tentar lutar em Paris em 2024. A gente treina sim pensando nele, principalmente vislumbrando essas lutas recentes que ele fez. Ele lutou contra o (Lukas) Krpalek, atleta que ganhou o Mundial em Tóquio – concluiu.
Além de Baby e David, o Brasil terá mais dois atletas entres os pesados: Tiago Palmini e Juscelino Nascimento, ambos do Minas Tênis Clube.
Agenda e serviço da competição
Local: CICB
Horários:
10h* – Preliminares
16h – Finais (SporTV 3)
*Horário sujeito à alteração de acordo com número final de inscritos.