Brasileira troca as cores do quimono para ter chance olímpica no judô

taciana

 

Desde os 15 anos, Taciana Lima, 32 anos, trazia as cores brasileiras nas costas de seu quimono. Mas, após perder a vaga nos Jogos de Pequim-2008 para Sarah Menezes –também da categoria peso ligeiro (até 48 kg) do judô–, Taciana cruzou o Atlântico em busca do sonho olímpico.

Natural de Olinda, a pernambucana será uma das cinco atletas da delegação de Guiné-Bissau, que terá representantes no atletismo e na luta olímpica, além do judô, no Rio 2016. Para defender o país da Costa Ocidental da África, porém, a judoca precisou mergulhar em suas origens.

Desmotivada depois de ficar fora de mais uma Olimpíada, ela, então, decidiu que era hora de ir atrás do pai biológico. “Eu nunca quis saber, foi realmente após essa seletiva que eu perguntei à minha mãe. Sabia que ele não era brasileiro, mas não fazia ideia da nacionalidade”, disse a judoca, em entrevista ao jornal da Record.

Óscar Suca Baldé veio ao Brasil estudar engenharia no início da década de 1980, quando conheceu a mãe de Taciana. Os dois se envolveram, e a moça engravidou. Só que, ao término da faculdade, o jovem retornou à Guiné-Bissau, seu país natal, e o casal acabou perdendo o contato. Óscar chegou a visitar o Brasil em outras três ocasiões, entretanto, não reencontrou a antiga namorada, que já havia deixado Recife rumo a Porto Alegre, com a filha pequena.

 

Nova realidade

Sem pistas sobre o paradeiro do pai, em 2007, Taciana resolveu buscar o nome “Óscar Suca Baldé” na internet e descobriu que ele havia sido Secretário da Pesca em Guiné. A judoca contatou a embaixada e conseguiu falar com o pai biológico pela primeira vez no dia seguinte, por telefone. Embora tenham mantido contato, os dois só se viram pessoalmente em 2012, ano em que Taciana viajou ao país africano.

Do outro lado do oceano, a atleta se deparou com uma nova realidade. Guiné não tem uma política de incentivo ao esporte, não tem ídolos nos tatames, nas pistas, nas piscinas, nas quadras. Foi aí que surgiu a ideia da naturalização, em 2013. Finalmente, Taciana teria a chance de disputar uma Olimpíada e, ao mesmo tempo, tornar-se uma referência esportiva aos guineenses. Ainda em 2013, ela conseguiu: subiu ao lugar mais alto do pódio no Campeonato Africano e passou a ser idolatrada por seus novos compatriotas.

 

“Eu realmente me sinto uma guineense, demorei para descobrir uma parte das minhas origens e é muito gratificante. Meus amigos brincam que eu sou rainha da Guiné, mas é muito legal. Estou dentro do carro e a polícia fala: ‘pode passar, nossa atleta’”, contou a judoca, que adotou o sobrenome do pai.

A partir das 10h do próximo sábado, Taciana Lima Baldé, comecará, enfim, a viver seu sonho olímpico no judô nos Jogos do Rio. E já faz um apelo à torcida brasileira. “Torçam para Sarah, mas torçam por mim também”.

Fonte: iG Olimpiadas – iG 

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